23 de out. de 2010

Ressaca

Hoje eu decidi que vou fazer diferente, não vou me lamentar, não vou reclamar, não vou ficar sofrendo pelo passado. Vou deixar tudo pra lá e viver a vida. Novas cores, cheiros e sabores. Quero conhecer o que tiver de mais belo e esquecer das preocupações. Quero mudar o que eu puder, quero melhorar. Sumir com o mau e dar fim nas coisas que me tiram o sono e a fome. Amanhã ou quando for inevitável, volto a me preocupar, agora eu quero sossego, uma rede, uma taça de vinho e olhar o mar. Com as ondas, deixarei os problemas, elas os levarão pra longe de mim. A minha ressaca vai junto com a ressaca dele. E assim serei feliz. Sem ligar, sem pensar, sem tentar. 

Apenas vivendo...

Angela

Eu sabia que a vontade dela não era estar comigo. E isso me machucava mais do que a ideia de não tê-la por perto. Preferia me conformar pela separação, do que olhá-la e ter a certeza de que seus pensamentos, desejos e planos não eram pra mim. Não eram comigo.
Angela tentava me amar, eu sabia que sim, sentia isso. Talvez não por mim, mas por ela mesma. Ela tentava e não conseguia, não me sentia amado, apesar de seus esforços. E ela não tinha culpa. Tudo passa, mas ela não acreditava nisso, não aceitava. Acreditava que o nosso amor era eterno, imutável, indiminuto, resistível a tudo. Esqueceu-se do tempo. O tempo muda tudo e todos, os gostos, humores, pessoas, relações, sofrimentos e também os amores. E isso a fazia infeliz.
Angela tentava ser o anjo do seu nome, mas não era essa sua sina, tinha nascido para viver aventuras, emoções e eu não lhe proporcionava isso. Sempre soube, mas tinha medo de falar e ela me abandonar. Fui medroso e egoísta. Carente. Agora sei que o melhor seria ter dito e evitado a dor de alguém tentando me amar sem conseguir.
A dor de terminar com ela foi grande, mas menor do que a eu sentia ao seu lado. Eu a amava. Eu a amo. Mas aquilo, que tinha sido um grande e verdadeiro amor, já não existia mais. Era o meu amor com a minha dor. A compaixão dela com a lembrança do amor que sentiu por mim. Disso ninguém sobrevive.